[78 rotações] Aquela dos 29

17:45 Andrizy Bento 0 Comments


Hoje eu completo 29 anos. Os trinta já batem à porta e parece que foi na semana passada que meu melhor amigo estava me mandando um e-mail me parabenizando pelos vinte anos recém-completados. Sim, e-mail. Afinal, ele estava sem créditos para me mandar uma mensagem sms pelo seu celular Nokia. Aquele que tinha o jogo da cobrinha... Eu não havia me rendido aos encantos do Orkut; o Facebook ainda engatinhava e era utilizado apenas por um grupo seleto que, provavelmente, pensava que Brasil era uma selva; a breve vida do MySpace estava só começando; e Twitter, WhatsApp, bem como smartphones e seus aplicativos, ainda soavam como delírios de roteiristas dos Jetsons.

As pessoas ainda sabiam o que era Jetsons naquela época.

O tempo realmente passou em um estalar de dedos. Em um momento, eu estava iniciando minha vida acadêmica, segundos depois, pegando meu diploma e um minuto havia se passado até que um amigo da faculdade me marcasse em uma publicação do facebook, atentando para o fato de que estávamos completando dez anos de amizade.

A vida é breve, meus caros e poucos leitores.

E, estando próxima dos trinta anos, eu não consigo escapar da famigerada perguntinha insolente: quando você vai casar? 

A resposta: não vou.

Ou, se eu estou com espírito para iniciar uma discussão, começo meu prolífico discurso acerca de todas as demandas exigidas por uma vida a dois. E, posteriormente, a três, quatro e assim por diante.

Mas a verdade é que não me surpreendo mais. A pegunta quando você vai casar? tem me sido feita desde que completei 20 anos. E a justificativa: com essa idade sua mãe já estava casada e grávida da primeira filha. No começo eu até perdia meu tempo e desperdiçava meu precioso vocabulário argumentando como as coisas eram diferentes naquela época, mas depois percebi o quão desgastante e inútil era tentar elucidar as distinções entre os cenários para cabecinhas retrógradas e reacionárias dos autores da pergunta insolente.

Acho que desencanei de me enfurecer com essa pergunta quando me dei conta de que os questionamentos e cobranças não param depois que você se casa. Eu vi acontecer com minha irmã que se casou aos 30 anos e teve o primeiro filho aos 33. 

O quando você vai casar? se converteu em quando você vai ter filhos? e depois do primeiro filho, mudou para quando você vai dar um irmão para o seu filho? E assim, sucessivamente.

Está fora de questão perguntar os motivos de terceiros se meterem tanto nas nossas vidas e nos fazerem cobranças que nada acrescentam ou mudam às suas próprias vidas. As pessoas se preocuparem tanto com o que você faz ou deixa de fazer, com os rumos que você toma ou deixa te tomar, com as escolhas que faz e as decisões que deixa passar, permanece sendo algo sem sentido, sem resposta, sem fundamento e embasamento.

A vida é minha. Portanto, eu deveria ser a única a me preocupar com ela, certo?

Tenho um enorme orgulho em dizer que nunca perguntei a nenhum amigo ou amiga: e aí, não vai casar? 

E se você quiser se manter em alta no meu conceito, não me faça essa pergunta ;)

Mas, para os inexplicavelmente interessados e curiosos, digo apenas que estou feliz em poder usufruir do meu dinheiro conquistado com muito esforço em dois empregos da maneira que melhor me aprouver. Eu pago contas, mas também viajo, vou ao cinema e compro futilidades como roupas, sapatos e histórias em quadrinhos sem me preocupar. Meu dinheiro é só meu e eu tenho liberdade de ir e vir sem precisar dar satisfações a ninguém. Posso passar meus fins de semana em companhia de amigos ou embaixo das cobertas, maratonando séries. 

Não me sinto uma anomalia por não querer casar e nem conseguir pensar em ser mãe um dia. Me sinto apenas feliz e satisfeita com a minha vida. O dia em que não me sentir mais assim, eu mudo de rumo. Porém, por enquanto, é assim que pretendo me manter.

E eu escolhi duas músicas dispares para ilustrar este post, mas que refletem perfeitamente meu momento atual.

Quem me conhece, sabe que nunca fui fã de Sandy. Nem mesmo quando criança. Mas me peguei ouvindo esta música diversas vezes nas últimas semanas.



E o clássico dos Beatles que me acompanha desde pequena. Provavelmente, uma das canções que mais ouvi na vida e uma das mais antigas de que tenho memória. Lembro-me sempre do meu pai colocando um velho vinil dos Beatles pra tocar na vitrola e eu me apaixonando cada vez mais por Let it be mesmo antes de compreender a letra.


Salut!

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